Capa do meu novo livro

Sabemos que cada pessoa carrega em si um mundo construído por tudo o que viveu!

Um mundo feito de coisas boas e coisas menos boas, em que as nossas decisões nos levam pelo caminho do nosso destino!

Se escolhermos seguir em frente pelos caminhos da gratidão e da humildade, o peso do mundo tem a leveza das pessoas genuínas e simples que eu chamo de meu Povo !

É este mundo que eu tanto amei e continuo a amar que vou narrar. O mundo, onde está o Povo que amo e que respeito mais que a mim mesma!

Para isso, esqueci o outro mundo de lá, aquele, onde o mar se estende na areia e as luzes da noite caminham de sapatos altos e de vestidos ornados com lantejoulas!

Esse mundo, nunca me seduziu, ele que me perdoe!

O meu fascínio foi sempre explorar os carreiros virgens que me levaram a outras eras, a outros lugares e a outras gentes, tantas vezes, esquecidas e ignoradas!

Carreiros que hoje estão bem diferentes, mas que continuam a chamar por mim, pois, eles sabem, que só neles encontro a paz serena vinda do Universo.

Vou fazer uma regressão ao tempo dos pastores, dos rebanhos, dos lobos e dos cães.

Ao tempo dos homens de pau e manta.

O impacto emocional vai ser forte!

Não vai ser fácil cumprir esta missão e em paralelo dissecar um passado que foi refúgio da minha alma e, eternamente, se fundiu na minha essência!

No entanto, não posso fraquejar!

Esta inconstante procura das minhas vivências leva-me a fazer uma viagem, carregando uma enorme mala de cartão que guardo como uma relíquia num cantinho do armário!

Com as mãos cheias de vontade , apanho todas as nuvens de poeira que ficaram para trás dos grandes rebanhos e sigo, debruçada no cajado do meu tempo!

A serra já me deu luz verde e abriu todas as canadas.

A flauta do pastor ouve-se ao longe, lá num vale escondido, onde as águas do rio fazem chorar o rodízio do moinho.

Os sinos das capelinhas repicam as Ave-Marias e despertam as aldeias que dormem.

As gentes de sol a sol, tatuam na pele os versos da vida feitos de água e terra!

O Montemuro é a minha casa.

Os penedos são as janelas.

O universo o meu teto.

Os cães os meus fiéis amigos.

Não tenho medo da noite que se avizinha, nem dos lobos famintos que descem ao povoado. Nada me faz desistir!

Quero muito, ir ao encontro do tempo envelhecido nos telhados de colmo e na luz ténue das candeias.

Quero muito, lavar-me nas águas cristalinas das fontes, rebolar nos verdes pastos, comer amoras silvestres, vestir-me com flores de urzes e adormecer na enxerga de palha cultivada nos alqueves.

A serra tem magia.

Olha-me com o mesmo olhar de algumas décadas atrás, porque sabe que eu não procuro a serra destes tempos!

Quero ver a serra de outrora, com os seus cabelos brancos e o suor a jorrar nos rostos cansados, acariciados pela capucha de burel!

Quero relembrar uma herança cultural enraizada nos montes e vales, nos baldios, nos pousios, nas malhadas, nas naves e nos cabeços!

 

Quero fazer uma ponte que ligue o passado ao presente, o nunca ao tempo, o Mondego ao Paiva, a Estrela ao Montemuro no livro "A Grande Viagem- Pelas Canadas de Viriato".

Celeste Almeida-Autora do Texto

Publicado em
4/8/2022
na categoria
Caminhos na História
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