A partir do ano setecentos e onze, a Península Ibérica foi invadida pelos muçulmanos, mais conhecidos por mouros.

Este povo africano vivia no território onde hoje fica Marrocos e a parte ocidental da Argélia.

Na Península Ibérica existiam reinos Cristãos e uma série de batalhas entre cristãos e muçulmanos, deu origem ao processo histórico conhecido como Guerra de Reconquista.

A luta pela conquista de territórios foi também transformada numa luta religiosa, intensificando o ódio que existia entre Muçulmanos e Cristãos.

Os Muçulmanos praticam o Islã, uma religião monoteísta centrada na vida e nos ensinamentos do profeta Maomé e os Cristãos , os seguidores do Cristianismo, acreditam que Jesus é o Messias.

Inúmeras batalhas foram travadas.

Ora ganhavam uns, ora ganhavam outros, ora avançavam, ora recuavam no terreno, dando origem a uma guerra que durou séculos!

Entre setecentos e onze e mil quatrocentos e noventa edois, ano em que os Muçulmanos foram expulsos definitivamente do território, a Península teve a presença destes povos considerados " os invasores" durante oito séculos de uma terrível convivência.

Diz a lenda, que no século nove, quando combatiam na região, hoje Viseu, uma linda Moura se perdeu do exército do seu povo e não mais o encontrou.

Refugiou-se num vale, comendo frutos e raízes silvestres e tinha por companhia os animais selvagens que à noite a aqueciam com o seu bafo quente.

Certo dia, um cristão cavalgava para ir ao encontro dos seus e os ajudar no conflito, quando entre uns arbustos vê uma bela rapariga de pele muito morena, cabelos negros e olhos verdes.

Pára o cavalo, prende-o ao tronco de um carvalho e caminha em direcção a ela.

Mal os seus olhares se cruzaram ficaram enfeitiçados um pelo outro!

A Moura que vivia triste com tanta solidão, pediu ao jovem que a levasse com ele. O cavaleiro com toda a delicadeza, pegou naquele corpo frágil e pô-la em cima do seu cavalo branco.

Lentamente, percorreram trilhos e caminhos quando, de repente, se viram cercados pelo exército dos Mouros.

Estes, vendo a linda Moura que tinham perdido, correm atrás dele com o intuito de lhe tirarem a rapariga!

Numa corrida desenfreada, o cavaleiro ganha avanço e ao ver um lugar estratégico para descansar e, em simultâneo avistar os Mouros ao longe, resolve parar.

Com a sua força braçal amontoa vários penedos para atacar os Mouros na sua passagem pelo lugar. O cansaço era muito e deitou-se no meio dos penedos protegendo a Moura por quem se tinha apaixonado perdidamente, contra o seu peito.

Naquele momento tão intenso, acalentados pelo roçar dos corpos, acabaram por adormecer embalados pela musicalidade das águas que caiam na cascata da Pombeira, não muito longe dali!

Os Mouros cercaram o amontoado das fragas, mas o silêncio do sono repousante, não permitiu que dessem pela presença dos jovens, acabando por se afastarem do local.

Os dois enamorados por ali ficaram durante algum tempo, até que mais tarde desceram para formarem família.

Nas rochas, viveram felizes para sempre, vendo seus filhos crescer naquele lugar paradisíaco, serpenteado pelo rio Vidoeiro!

Hoje, no lugar dos penedos, todos os amantes da natureza se podem embalar num inigualável baloiço, esculpido em madeira. Um baloiço que é o símbolo de uma das mais belas lendas que fazem parte do espólio lendário da região Montemurana!

Neste caso específico, refiro-me à lenda do Penedo do Cavaleiro na localidade de Lamelas.

O Penedo que deixa contemplar o mais majestoso pôr do sol, espetáculo mágico, envolvente, que prende quem visitar um dos sítios mais enigmáticos e emblemáticos da Pombeira!
Fotos do Arquivo Pessoal
Publicado em
25/11/2021
na categoria
Caminhos na História
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Celeste Almeida

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