Não temo a vida!

Sigo sempre em frente rasgando caminhos virgens com meus pés!

Muitas vezes, sinto dores!

Muitas vezes, abro feridas que sangram no chão!

Muitas vezes, sinto cansaço nos cenários diários, um cansaço que tenta derrubar-me, mas mesmo com o coração partido, eu consigo apanhar todos os cacos e fazê-los brilhar como o mais lindo diamante!

Não, não quero ornar-me com esmeraldas nem rubis! Quero fazer coroas com as flores das silvas e colares com as amoras! Quero usar brincos de princesa, daqueles que apanho nos vales! Quero um vestido de mil fios, tecidos no inverno ao serão! Ver o fuso a ser beijado por bocas que contam histórias passadas que muitas vezes, pesaram na alma! Quero encher meu olhar com a luz das candeias acesas no altar da vida, a vida deitada em lençóis de linho para repousar os golpes duros das horas! Quero fechar os olhos, ouvir as melodias escritas nos versos da poeira! Quero tudo e nada! Dar as mãos ao vento, e deixar-me levar correndo montes e vales, subindo muros e pontes, e nos penedos plantar roseiras que cresçam todas as manhãs ao ritmo dos meus passos! Quero ser eu, sempre eu, sem saber nunca quem sou!

Porquê?

Porque meu mundo não é este mundo! Aqui, estou de passagem! Meu mundo é aquele, onde eu espero um dia poder entrar, sabendo que carrego a bagagem que colhi no terreno do meu corpo!

Para isso, seguirei meus trilhos, sempre lançando a semente que Deus me deu, nos terrenos mais áridos do chão!

Sei que esta semente germina na pedra mais dura do caminho, lentamente, e com as carícias doces da alma, me virá um dia buscar e levar para o mundo que ainda não é meu!

Aqui permaneço, rindo e chorando, caindo e levantando, enquanto Deus aqui me quiser!

Celeste Almeida: Autora do Texto

Publicado em
28/7/2023
na categoria
Caminhos na História
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