A minha querida mãe, viveu os últimos anos da sua existência comigo.

Doentinha, esqueceu quem foi na vida e eu era a sua irmã que ela criou, quando ficamos órfãs.

No entanto, tinha instantes de lucidez em que tudo fazia sentido, instantes que se foram perdendo até deixarem de existir!

Esses instantes eram de uma ternura infinita, de um amor incondicional!

Era nela que eu ia buscar o colo, que secava minhas lágrimas!

Lembro que muitas vezes lhe perguntei o seguinte:

- Mãe, o que é que faço quando não sei o que fazer?

Minha mãe, chamava-me para junto dela, pegava nas minhas mãos e dizia:

- Filha, o importante é fazeres o que te manda o coração! Sente o calor das minhas mãos e lembra-te, que sejam quais forem teus passos, eu estarei sempre aqui para te segurar nas horas, em que o teu coração aperte o teu peito!

- Mas, mãezinha, e naqueles dias em que eu já te não tenho, o que faço quando não souber o que fazer?

- Nesses dias, pergunta de igual modo, filha, porque eu esteja onde estiver arranjarei forma de te dizer. Filha, o importante é fazeres o que tens para fazer. Nunca esperes que alguém faça por ti, porque na vida, cada um de nós tem o seu arado para lavrar e o seu campo para semear! Não permitas nunca que o teu arado ganhe ferrugem e no teu campo cresçam silvas, porque nesse dia, muitas outras mãos baterão palmas, ao verem que fracassaste!

- Mãe, minha mãezinha, daí do alto, não permitas que meu arado ganhe ferrugem nem o meu campo ganhe silvas! Continua sendo a estrela que brilha na minha escuridão e a lareira que mantém quente o meu coração! Obrigada minha mãe pelas armas que me deste, as armas onde só cabem balas de amor!

Há dias assim!...
Dias em que o fazer nos faz sofrer!
Dias em que a chuva nos cai na alma!
Dias em que chamamos por aqueles, que nos guardam lá nas Alturas!

Celeste Almeida: Autora do texto

Publicado em
5/12/2022
na categoria
Caminhos na História
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