Do recreio da minha primeira escola, na localidade de Ramires, uma aldeia do interior da serra do Montemuro, avistava uma casa que mais parecia um castelo.
Era uma casa isolada, com uma enorme torre!
Logo no meu primeiro dia de aulas, perguntei aos meninos se me sabiam dizer que casa era aquela, tão diferente da paisagem bucólica que nos envolvia.
- É a casa onde um escritor escreveu um livro! Um livro que tem Ramires no nome!
- diziam todas as crianças em coro.
A Ilustre Casa de Ramires, disse eu para os meus botões!
Nunca imaginei que viria a ser colocada tão perto de um cenário que inspirou o grande Eça de Queiroz!
De imediato, tive um desejo!...
Visitar aquela casa senhorial, foi uma das minhas prioridades, não só por ser inspiração Queirosiana, mas também porque tinha curiosidade em descobrir um pouco dos segredos escondidos dentro daquelas muralhas.
Segredos de um passado da nossa história que contrastava com o presente.
Questionei-me diversas vezes, o que levou Eça de Queiroz àquele lugar que tinha tanto de belo como de insólito e misterioso.
As respostas das pessoas da aldeia de Ramires não me convenciam.
Uns diziam que o grande escritor pernoitou naquela casa, sempre que vinha à caça, pois era um exímio caçador; outros diziam, que o romancista se tinha apaixonado por aqueles ares e os procurava, frequentemente, para curar alguma maleita; e havia uma minoria que afirmava ter-se ele apaixonado por uma nobre senhora que vivia na Casa da Torre!
Quem estava perto da verdade?
Por incrível que pareça, era a faixa etária dos mais idosos, aqueles que afirmavam que Eça de Queiroz se tinha apaixonado por uma jovem que vivia na casa solarenga.
Não, não estavam completamente certos, mas a paixão existiu, por uma fidalga, irmã do seu grande amigo, o Conde de Resende - Maria Emília de Castro a mulher com quem o escritor casou.
Eça com 40 anos de idade.
Emília de Castro com 29 anos.
Os anos passaram. A Obra de Eça é eterna. A casa guarda segredos da nossa História em cada pedra que a sustém.
Mas, até quando ela irá desafiar os anos?
Vejo-a tão doente!...
