Anoitecia.
O sol escondia-se entre as folhas e permanecia ali para mim.
Beijava-me o rosto e avisava-me docemente que novos dias viriam e me trariam o sabor das carícias e dos aromas frescos das manhãs.
Eu ouvia os sons das ramadas estendidas no horizonte .
Pareciam segredar-me melodias orquestradas nas linhas vermelhas desenhadas no azul celeste.
Que me quereriam dizer?
Que mistérios se fechavam no crepúsculo que eu precisava saber?

Parei um pouco.
Debruçada nas sombras do muro, elevei meus olhos no pensamento e senti uma lágrima fugir da minha alma.
Era uma lágrima com sabor a mel, que se refugiou nos cantos da minha boca.
Queria um abrigo, um colo, um leito com lençóis de linho, onde as flores germinassem e vestissem o mundo de pétalas que para todos dançassem ao vento.
Eu, suavemente, abri meus lábios. Deixei-a entrar e pedi-lhe para ficar na minha essência e nela eternizasse um belo jardim suspenso dentro de mim.
Depois, depois... eu desfolharia todas as pétalas e atirá-las-ia, para ti.
Assim, viveríamos em comunhão neste mundo, onde, tão poucas vezes, dançamos ao som da mesma canção... aquela canção que pinta de vermelho o meu coração!
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Publicado em
30/9/2021
na categoria
Caminhos na História
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Celeste Almeida