O Santuário da Nossa Senhora do Refúgio, no lugar do Fojo, freguesia de Gosende, é um poço de interrogações, inconformismos e emoções!
Seu nome deriva das muitas armadilhas ( fojos) feitas aos lobos para caçar o animal feroz, que tanto aterrorizava os que por ali passavam.
Vivia-se na época das casas cobertas de colmo ou de lousa.
Do negro fumo, nascente de lágrimas amargas, acumulado nas cozinhas térreas.
Do bater à porta do vizinho a pedir lume ou uma broa de milho, sustento do pobre.
Do comprar uma sardinha, paga com meia dúzia de ovos e ser multiplicada à horada ceia! Do prometer um alqueire de milho, uma rasa de feijão, um novelo de lã para pagamento de promessas!
Vivia-se no tempo das doenças e feridas curadas com ervas do monte, chás de carqueja, urzes, ou palavras bentas.
Diz o Povo, na velhice do tempo, que os invernos eram mais agrestes, naquele sítio tão despovoado.
Ali, a própria sombra era uma assombração que aterrorizava almocreves e carvoeiros!
Foram muitos os uivos dos lobos, enraivecidos pela fome, que cobriam a noite com um manto de pavor.
Foram muitos os medos ocultos que amedrontavam qualquer boa alma!
Lugar do Fojo, onde forças misteriosas impediam as vacas de lavrar a terra!
Onde forças ocultas rebentavam as cordas que amarravam o feno!
Onde as amoras não tinham sabor nem o azul das manhãs tinha cor.
Na capelinha, mandada construir no século XVIII, habita a Nossa Senhora do Refúgio, que outrora foi refúgio dos almocreves e carvoeiros, sempre que se sentiam perseguidos por animais ferozes ou as terríveis tempestades os paralisavam.
Hoje, este lugar de culto, onde o Céu se abre, onde o silêncio reza, onde a natureza fala, conforta os peregrinos, os aflitos , os que sofrem e todos aqueles que suplicam consolo, proteção e bênçãos!
Tu, Virgem Mãe, a Fonte do Perdão, a Mãe da Graça, a Esperança do Mundo, ouvi-nos, pois por Ti, chamamos!
