Certa frase atribuída a Confúcio diz: “Você me pergunta por que eu compro arroz e flores? Eu compro arroz para viver e flores para ter algo para viver.”

Nesse mesmo horizonte de sentido, perguntaram a um Mestre Zen como ele tinha atingido a iluminação e, serenamente, respondeu: “Cortei lenha, busquei água no poço e tive relações com minha esposa.”

Como as duas narrativas ajudam-nos a compreender melhor o caminho para a espiritualidade? Esse é um ponto de atenção que merece reflexão: vivendo.

Há quem acredite que as grandes personalidades da humanidade, não tinham desejos, não precisavam cortar lenha e/ou comprar arroz e, muitas vezes, acreditam que Francisco de Assis, Gandhi, Teresa D’Ávila, Madre Teresa de Calcutá, por exemplo, já eram vistos como iluminados pelos seus pares e, portanto, tiveram tudo e eram recebidos com alta estima e consideração. Ledo engano. Sofreram muito, tiveram que enfrentar suas próprias crenças limitantes, bem como a cultura social da época, enfrentaram medos, angústias, inimigos espirituais desencarnados e encarnados, estrategicamente fazendo parte de suas vidas como um pai, uma mãe, um irmão, um superior hierárquico e, até um desconhecido transeunte, para comprometer e/ou dificultar a jornada. A narrativa da vida de Jesus evidencia o quanto foi incompreendido por seus pares, dentre os quais, alguns paladinos da justiça e das tradições.

Nossas vidas atuais e todas as que já tivemos, tomando-se a reencarnação como um pressuposto, representam a oportunidade de iluminação espiritual. Por quê? Porque aqui, na vida cotidiana, no aqui e agora, nas experiências que escolhemos direta ou indiretamente, por meio de nossos pensamentos, sentimentos e ações, é que estamos caminhando ou estacionando em níveis diferentes desse processo de crescimento espiritual.

Cada um está no nível que corresponde ao seu campo vibratório. E o que é um campo vibratório? De forma bem simples, é aquilo que você sente quando entra em lugares e experimenta sensações de desconforto ou acolhimento; aquilo que se sente ao contatar alguém ou objeto. Todos e cada um de nós, incluindo-se os demais seres vivos, têm um campo eletromagnético que entra em dinâmica com tudo que está ao redor. E não adianta, desculpem-me aqueles que acreditam, tapar o umbigo com esparadrapos, porque são os vórtices no duplo-etérico que se envolvem nessa troca do quem-tem-mais-passa-para-quem-tem-menos. O ponto chave é vigiar os pensamentos, os sentimentos e ações em seus corações, por isso – vigiai e orai – para não entrar na dinâmica das energias densas. Porque tudo é escolha, simples assim.

Com esse filtro vejamos o que é ou não ético: falar do trabalho alheio, a partir de informação distorcida e/ou preconceituosa – não é ético. Tentar comprometer a imagem de alguém para terceiros porque você “acha” que ela/ele está errada(o) – não é ético. Falar sobre o que não estudou, querendo impor o seu “achismo” – não é ético. Repetir pseudoverdades assimiladas, sem análise crítica para usar como crítica destrutiva a um trabalho alheio – não é ético. Acreditar que o seu ponto de vista é sempre o mais certo – não é ético.  Colocar o seu interesse pessoal, ainda que travestido de supostas boas intenções – não é ético. O que você tem é um ponto de vista.

O seu ponto de vista é apenas a vista de um ponto. E, a vista de um ponto, decorre do quadro conceitual que cada um constrói. O quadro conceitual envolve tudo o que se leu e se lê ao longo da vida; envolve as experiências e a forma como foram internalizadas no horizonte das emoções vividas em cada momento – somos seres em constante transformação.

Logo, não existe o mais certo, o menos certo; “a minha dor é maior ou menor que a do outro”. Você é você, é singular. O outro é o outro, também é singular. Forçar e romper essa delimitação do si mesmo e do outro - não é ético. Julgamentos moralizantes, representam uma comunicação violenta, mesmo que seja dito de forma suave, porque quem profere um juízo moralizante o faz a partir de seu ponto de vista, que é a vista de um ponto e não será real e útil para ninguém mais. Logo, não é ético.

Então, não mencionei que nosso campo eletromagnético decorre dos nossos sentimentos, palavras e ações? Imagine o campo vibracional de alguém que sempre dá um jeitinho de julgar a vida alheia, ou vive reclamando da vida, ou quer dar lição de moral em todo mundo ... Agora imagine como esse campo é potencializado quando há emoção envolvida ou quando é proferido em ambientes religiosos e espiritualistas, que por sua natureza no fazer o bem e afastar o mal, já sofrem ataques espirituais. Com que tipo de campo vibracional entram em sintonia tais pessoas? Dessume-se que tudo é escolha; por isso, se diz por aí, escolha o que é certo, não o que é fácil. Criticar, julgar as outras pessoas usando o seu quadro conceitual, é fácil, mas não é ético.

Ocorre que a espiritualidade está intrinsicamente ligada a conduta ética. Espiritualizar-se significa ter uma conduta íntegra. Integridade implica estar pleno, estar em equilíbrio e coerência entre as palavras e ações. Não há progresso espiritual sem progresso moral que envolve uma forma de agir e ser que respeita profundamente todas as pessoas e todo o planeta. Tudo é escolha. Ao falar, pensar, sentir e agir, já provocou, primeiramente em você mesmo um campo vibratório em sintonia fina com o que está sendo falado, pensado, vivenciado e praticado, na velocidade da luz. Por isso a cura só poderá ser feita por você mesmo – a autocura.

O Reiki como uma terapia alternativa que promove o despertar para uma nova consciência, é um caminho possível para disciplinar nosso caráter, se estivermos dispostos ao autoconhecimento verdadeiramente. Nós nos tornando mais responsáveis, por nós mesmos, e pela psicosfera dos ambientes nos quais vivemos e interagimos. Tudo é fruto de escolha, mesmo quando achamos que não temos escolha, temos escolha. É, portanto, a conduta ética é a dobradura que liga qualquer terapia, como o Reiki à espiritualidade. Na juntura, portanto, está a conduta ética.

Não adianta ler mil vezes o Livro dos Espíritos, o Evangelho, Platão e Sócrates, Aristóteles e Kant ou Física Quântica e Espiritualidade: manual prático, e, achar que tem uma conduta ética. Ora, os professores de Filosofia que lecionam há anos conteúdos filosóficos estariam na pole position, e isso não é verdade. Nem mesmo os grandes Mestres da humanidade ficaram imunes aos dilemas éticos que forjaram sua iluminação.  

Se o nosso compromisso com a espiritualidade é verdadeiro, a tarefa começa em cada um de nós, falando menos, identificando em si mesmos os erros que eventualmente apontamos nos outros, percebendo os vieses inconscientes cheios de preconceitos e procurando trabalhar mais em prol da humanidade.

O que podemos fazer?  Podemos seguir os princípios do Reiki:  

Hoje eu abandono a raiva.
Hoje eu abandono as minhas preocupações.
Hoje eu conto todas as minhas bênçãos.
Hoje eu faço o meu trabalho honestamente.
Hoje eu sou gentil com todas as criaturas vivas.

Por fim, hoje sei que sou absolutamente responsável pela qualidade do meu campo vibracional, porque tudo é escolha. Escolha estar em sintonia com a Inteligência Suprema.

Referências:

DE' CARLI, Johnny. Reiki: Apostilas oficiais. Instituto brasileiro de pesquisas e difusão do reiki. 11. SP: Isis, 2020.

FRAZIER, Karen. O pequeno livro da cura vibracional e energética. Práticas simples para equilibrar a saúde do corpo, da mente e do espírito. São Paulo: Pensamento 2021.

LOPEZ, Calixto. Confúcio para os confusos. 480 aforismos de Confúcio.

PETTER, Frank A. Manual de Reiki do Dr. Mikao Usui. SP: Pensamento, 2020.

TUTU, Desmond; TUTU, Mpho. O livro do perdão. Para curarmos a nós mesmos e o nosso mundo. Rio de Janeiro: Valentina, 2014.

Clara Brum: a autora deste artigo.
Publicado em
5/12/2022
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Reiki
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