O Reiki e a responsabilidade do reikiano com o coletivo
Nos últimos tempos as mídias sociais têm divulgado conceitos sobre o compromisso com meio ambiente, Pacto Global e com a sigla ESG, Environmental, Social and Governance. São ideias que trazem percepções de que todos estão conectados e que habitamos um planeta que é um ser vivo, Gaya. Se pudéssemos compartilhar uma imagem, talvez, a concepção de tessitura em um tecido traria uma bela imagem de como estamos conectados e sintetizaria uma leitura possível para a Teoria Gaya.
O fato é que pode parecer novidade no mundo contemporâneo, mas é uma realidade inconteste nas Filosofias antigas e povos orientais que conectaram o ser humano com o coletivo e vice-versa. Há inúmeras histórias que trazem dilemas morais em narrativas antigas que evidenciam o comprometimento do indivíduo consigo e, ao mesmo tempo, com o coletivo.
Tudo que envolve o Reiki reforça a mesma ideia. Primeiro, para ser reikiano você precisa integrar uma linhagem de Mestres; precisa entender que a técnica envolve a presença do outro. E não vamos esquecer que já traz em sua essência o sentido do Espírito Universal. E o que seria Universal? Seria algo só para mim? Mikao Usui dizia que o Universo existe em cada um de nós e cada um existe no Universo (USUI, apud MCKENZIE) e isso significa a ideia de estarmos unidos com o diverso.
O Reiki envolve, portanto, empatia e compaixão porque, ressalte-se, ninguém evolui sozinho e quando cada um alcança certo nível de expansão de consciência, progressivamente passa a não mais se afinizar com certas posturas, pensamentos e sentimentos.
Se somos integrantes do Universo, se um único ser nesse complexo estiver comprometido, o todo também estará. E isso inclui a Natureza que não é inesgotável e que é um grande gatilho de aprendizado para o ser humano.
Então, o Reiki não se conecta com o descarte irresponsável do lixo; não se conecta com o uso descuidado da água; não se conecta com ações poluidoras do ambiente; não se conecta com o preconceito em todas as suas faces; não se conecta com assédio moral, sexual e virtual; não se conecta com discurso de ódio; numa palavra que resume tudo: não se conecta com o egoísmo.
O compromisso do Reiki é com o amor, com o amparo e acolhimento. Que tipo de amor é esse? É comum pensarmos no amor como sentimento, mas não é isso. O amor como sentimento é falho, porque se não correspondido poderá se tornar perverso, vingativo, ressentido, dimensões emocionais que nascem do egoísmo, do olhar: “tudo deve ser do jeito que quero”, “da forma que penso” etc. E isso acontece frequentemente de forma inconsciente.
O amor que a Espiritualidade pontua como único caminho e que o Reiki deseja construir é o amor como respeito. É aquele que não depende das emoções que podem variar devido às circunstâncias; aquele que não envolve expectativas.
O primeiro momento ou modo do amor como respeito é “o amor que se dá” que se materializa quando nosso modo de vida e nossa maneira de pensar gera uma influência positiva na vida de outras pessoas (OKAWA, 1997, p. 25). Por quê? Porque sempre somos exemplos para alguém, e afetamos o campo vibratório de outras pessoas com nossas ações.
Então, a ação, a emoção e o pensamento corretos geram uma onda de equilíbrio e felicidade e afetam todo o nosso entorno. Aqui não há espaço para interesses pessoais, há o cuidado com o todo. “O amor que se dá” pode ser visto quando alguém evita o desperdício de alimentos, não danifica ou suja espaços públicos, porque alguém precisará desse ambiente de algum modo. Quando alguém não pratica a maledicência, não faz juízos de valor para apenas criticar e diminuir outras pessoas.
E nesse processo do “amor que se dá” o que você poderá doar voltará a você segundo uma lei implacável. Ah! A preguiça, o desleixo, a procrastinação também obstaculizam o “amor que se dá”.
Quando praticamos o “amor que se dá” nas ações cotidianas mais simples, nosso corpo entra em sintonia com a Luz e com a positividade que envolve aquele pequeno gesto ampliado por várias outras pessoas que seguem no mesmo fluxo. A sua vibração muda porque você se conectou com o bem, integralmente.
Por isso, quando você pratica o amor como respeito, que é o amor ao próximo e que nós estamos refletindo como um “amor que se dá”, em verdade estamos recebendo e fortalecendo a humanidade a partir de nós mesmos.
Quando o reikiano pratica o autoreiki está trabalhando “o amor que se dá” porque está melhorando sua energia vital, desanuviando seus pensamentos, disciplinando sua conduta, porque não há espiritualidade sem valores morais e éticos. Está praticando o auto aperfeiçoamento para ser uma pessoa melhor no mundo da concretude.
Quando o reikiano está praticando o Reiki em outras pessoas e lugares, também está atuando com o “amor que se dá” porque está permitindo que a energia vital flua através de si para outrem. Essa é a responsabilidade do reikiano com o coletivo.
O reikiano do Nível 3 também tem o compromisso de praticar o Reiki para o planeta, para Gaya, exercitando o “amor que se dá” para todo o Universo porque irradia para os seres que habitam este orbe e este interfere em todos os outros. Assim, é possível praticar o amor a partir de uma vida simples.
O amor como respeito tem num segundo momento que é o “amor que nutre”. E depois do “amor que se dá”, poderemos nutrir. E o que isso significa? Essa é uma prosa para nosso próximo encontro. Até lá.
Referências:
MCKENZIE, Eleonor. A bíblia do Reiki. O guia definitivo para arte do Reiki. São Paulo: Pensamento, 2010.
OKAWA, Ryuho. Ame, nutra e perdoe. Um guia capaz de iluminar sua vida. São Paulo: IRH Press do Brasil, 1997.
SUNIM, Haemin. As coisas que você só vê quando desacelera. Rio de Janeiro: Sextante, 2017.
