Todos nós esperamos muito de Deus e da Espiritualidade, não é mesmo? Sempre esperamos ser acolhidos, que nossas ideias prevaleçam etc. Frequentemente estamos cobertos de razão e acreditamos que a Espiritualidade vai nos ouvir, atender às nossas preces, cheia de desejos do nosso ego, muitas vezes pedidos que agravam nossa situação.

Ah, mas quando erramos, temos o conforto de que Deus vai nos perdoar - mais uma vez. Mas quando o outro erra, pedimos o rigor da Lei Divina. O fato é que nós esperamos muito de Deus. E o que Ele espera de nós?

Nos últimos anos experimentamos profundas transformações e perdemos protagonismo, porque percebemos que nós, seres humanos, somos tão importantes quanto as minúsculas formiguinhas num jardim.  Somos mais vulneráveis do que imaginávamos e que não estamos isolados no mundo, mas hiper conectados com tudo e todos. E nem sempre vibrando coisas boas.

O advento das tecnologias digitais e as arquiteturas de auto comunicação de massa mudaram definitivamente nossa relação com o mundo, com o outro e com nós mesmos. Vivemos em rede, em todos os sentidos e nossas ações geram reações que interferem no equilíbrio do Todo. Nesse processo alteramos, também, a estrutura de nossas próprias ações. Tudo dinâmico, interligado e dialético. Essa foi a maneira que o Universo utilizou para mostrar que sempre estivemos interligados com ou sem tecnologia.

Contudo, como está nosso modo de conceber o ser humano e de viver? Ainda reproduzimos o mito moderno do ser humano independente e livre? Será que essa narrativa moderna ainda se mantém? É por isso que nos aproximamos da Filosofia oriental que nos apresenta outra forma de conceber o ser humano que não está mais na centralidade, mas participa do Universo, que é um espaço plural em constante movimento dialético. Aliás, Heráclito já nos alertou sobre isso: a única constante é a mudança.

As filosofias orientais interligadas às técnicas como o Reiki, percebem o planeta como um grande ser vivo e cada um de nós, os animais também e até as formiguinhas são elementos constituintes desse Todo em perene vir a ser.  Por isso, no Nível 3, temos o comprometimento de fazer Reiki para o Planeta Terra. Percebeu?

É por isso que se um elemento está em desarmonia, os demais sentirão de algum modo a desarmonia que reverbera no Todo.  É por isso que é preciso que cada um realize a sua missão. Qual a sua missão? Certamente a nossa missão não se conecta com a desarmonia, com a procrastinação, com a exclusão ou exploração do outro.  

A nossa missão não se coaduna com a maldade, maledicência, inveja e cobiça.  A nossa missão envolve o outro porque nos tornamos pessoas melhores e vivemos melhor com e a partir do outro. Os outros são os gatilhos para percebermos as falhas em nós e para nossa transformação interior. Não há vítimas, nem algozes, mas desafios que precisam ser provocados pelo outro para se perceber quem nós realmente somos, ao reagirmos. É na relação com o outro que nos desvelamos a nós mesmos.

Não é por acaso que reencarnamos milhares de vezes, milhares, milhares até chegarmos ao momento de compreensão de que Deus não pode ser customizado e que a mudança interior é a chave de todo o processo.

É possível pensar que dois pontos são importantes: efetivar o auto aperfeiçoamento emocional para mudar o padrão mental e resolver as diferenças com os desafetos. Por isso, não há vítimas, não há injustiça, mas a Lei da Ação e Reação. Auto aperfeiçoamento exige clareza de ideias, esta requer o reconhecimento dos erros, sejam pequenos ou grandes, mas que colocaram em desequilíbrio o Todo, porque tudo reverbera. Difícil, né? Sim, muito. Mas é preciso ser forte, é preciso se amar verdadeiramente.

Essa ideia fortalece os princípios do Reiki, formulados por Mikao Usui, lembra? Somente por hoje não sinto raiva... somente por hoje me esforço para ser melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje. Somente por hoje, porque são passos pequenos, porém firmes.

Clara Brum, a autora deste texto.
Publicado em
30/6/2023
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Reiki
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