Recentemente com o desencarne de um parente por afinidade passei a refletir sobre o processo do desencarne. Como eu e você, uma pessoa que adoeceu e encerrou o seu ciclo nesse momento na Terra.

O sofrimento de seus afetos me feriu a alma e passei a usar o Reiki como uma forma de envolvê-los em energia vital para equilibrar os chakras, evitar atuações espirituais densas que se aproveitam desses momentos.

Rapidamente, veio-me a mente os ensinamentos de André Luiz, Irmão Jacob e Emmanuel sobre a fase de perturbação. Quanto à desencarnada pensei que já estaria sendo amparada tendo em vista os protocolos religiosos realizados. Só que não. E achei ingenuamente que o espirito não deixava o ambiente familiar porque não queria aceitar a partida. Em parte uma verdade. Não é fácil aceitar a nova condição. Nos primeiros dias após o desencarne, meus pensamentos enviavam a mensagem para que deixasse o plano físico, seguisse o caminho da luz etc.

Para minha surpresa, certa manhã, ao acordar, escutei a mensagem em minha mente: “Eu também preciso de ajuda”. Caro leitor, percebi como estava equivocada. Que lição! Essa experiência me fez pensar sobre muitas coisas.

Todos nós que estudamos sobre espiritualidade compreendemos que a vida material não é a dimensão original de nossa jornada. Temos obras preciosas que falam da desencarnação e nosso intercâmbio constante com o suprassensível. Platão, no séc. V. a.C., já falava a respeito dos dois mundos, o mundo sensível no qual estamos mergulhados, lugar das imperfeições e o mundo inteligível, o mundo original, que aparece com todas as suas cores no célebre mito de Er, em República, Livro X. Tudo certo.

Ocorre que nada é tão fácil quanto parece. Não obstante o mergulho na literatura espírita e  espiritualista, bem como o compromisso com  práticas de caridade, há dificuldades no desenlace, irmão Jacob que o diga.

Ao ingressarmos na transição para o mundo espiritual o que acontece? Será que adormecemos e despertamos num belo lugar? Será que nossa libertação física nos traz sensações indescritíveis de júbilo e contentamento? De súbito, alcançamos um novo estágio de consciência e nossa compreensão se expande ao infinito? Ou será que ficaremos dormindo eternamente? Em verdade, parece que há um processo de transição que requer um grande esforço de cada um de nós.

Quando viramos a chave para o mundo espiritual, nem tudo são flores.  Aqueles que trabalham ou já atuaram em atividades de Desobsessão e Apometria, em casas espiritualistas e/ou espíritas, compreendem os desafios que se afiguram nesse processo diante de inúmeros amigos desencarnados que vivem livremente conosco em grande interação. “Mas não sou apegada a bens materiais”, alguém pode pensar. Não é só isso.

Pense na situação de alguém que por imprudência danificou o seu celular. Como você vai se sentir se sair sem reparar o dano? Imagine que um amigo não quer devolver aquele livro que você emprestou? Pense naquela pessoa que vivia com você, cheia de planos e, de repente, fez escolhas diferentes da sua e foi embora. Você ficaria confortável ou sofreria um bocado para entender o que lhe ocorreu?

Podemos trazer à mente muitas situações que mexem com nossos sentimentos, pensamentos e ações. O que seria a morte se não a interrupção abrupta de um caminho para que outro seja possível. Não há que se imaginar que seja um processo simples, muito menos confortável. Somos apegados aos nossos sentimentos, aos nossos modos de ser e agir, aos nossos pertences e às pessoas a quem acreditamos amar. Tudo isso emite vibrações que ficam impregnadas nos locais em que vivemos, nos objetos que usamos e integra nosso campo eletromagnético atraindo energias afins.

Pois é. A mente humana emite e atrai, sem interrupção, ondas de força criando combinações fluídico-magnéticas que nos envolvem o tempo todo. Quando encarnados nos ligamos a tudo e todos a partir do intercâmbio dessas energias. Tudo é energia. E isso não muda quando nos revestimos de invisibilidade com a destruição do corpo físico. Continuamos como somos e, progressivamente, podemos melhorar ou estagnar, dependendo de nossas escolhas. Sempre precisamos de auxílio da prece sincera.

Pensando sobre isso, como o Reiki poderia ser contribuição? Já vimos que o Reiki pode ser um poderoso aliado na limpeza e harmonização dos ambientes, na cura física, no equilíbrio da energia vital, podemos atuar em eventos passados e programar que a energia Reiki dê sustentação espiritual a eventos futuros. O Reiki pode ser usado para tudo.

A prática do Reiki pode trazer grandes auxílios para nossas vidas contribuindo para ambientes com vibrações equilibradas. E mais. Quando nos tornamos reikianos experimentamos uma profunda transformação energética e quando mudamos o nosso interior, o exterior se modifica. E isso se chama processo de autoconhecimento.

Segundo irmão Jacob, na obra “Voltei”, de Chico Xavier, mesmo com todo conhecimento e prática no bem, o processo de transição e desprendimento do plano material não é nada fácil. É claro que cada um tem uma vivência diferente, mas o processo libertatório requer cuidados. Se foi difícil para o irmão Jacob que tinha conhecimentos e prática no bem, imagina a condição  daqueles que não buscaram essa oportunidade  de  esclarecimentos sobre o plano espiritual.

É fato que nosso ambiente doméstico fica impregnado com energias desfavorecendo o desenlace; as nossas ligações com pertences, pessoas e lugares nos perturbam e exaurem nossas energias comprometendo a transição para planos espirituais; as relações morais desajustadas nos mantém ligados à densidade do plano físico; companheiros de jornada em sofrimento contribuem para o assédio e, muitas vezes, aprisionamento em localidades densas. Por essas e tantas outras razões, ficamos por aqui ladeando nossos amigos, inimigos, familiares e até estranhos que se nos afiguram simpáticos por muitas vezes externarem os mesmos vícios que tínhamos. Até o desligamento completo, que é complexo, o processo pode ser doloroso.

Qual é o ponto de atenção?

O ponto de atenção está em observarmos as advertências dos amigos que nos deixam relatos esclarecedores sobre o plano espiritual em literaturas que são verdadeiras obras-primas, como o livro “Voltei”. Muitos são abnegados trabalhadores da caridade e não obstante experimentam seus momentos difíceis porque os apegos emocionais, os desejos de  continuar nos ambientes onde sempre viveram, além de inúmeros pensamentos de angústia sobre as verdades que acreditam possuir e tantas outras situações que nos conectam  aos laços da materialidade, comprometem o processo de desencarne.

A prática do bem de forma consciente e abnegada, a dedicação à prática de uma terapia vibracional como o Reiki, por exemplo, podem colaborar porque provocam um progressivo florescer com mais carinho e segurança, uma melhor qualidade da energia vital  no horizonte do autoamor. Uma compreensão e serenidade que nos auxiliará, sem dúvida, nesse processo, ainda que os desafios sejam imensos, encontraremos força em nós mesmos.

Quando vivemos no compromisso com a harmonia, mesmo com desafios cotidianos e  nos esforçamos para o equilíbrio, com boas ponderações, decisões justas, conduta íntegra, refazendo caminhos, reparando equívocos e compreendendo que o erro do outro  pode ter sido o nosso também no passado, vamos serenando esse processo. O importante é “ninguém soltar a mão de ninguém”, como diz o dito popular.

Dedico o texto à amiga Perla Ciambarella, cujo desenlace oportunizou-me reflexões profundas.
Perla, espero que você tenha conseguido!

Clara Brum, a autora deste texto.
Publicado em
5/12/2022
na categoria
Reiki
Clique para ver mais do autor(a)
Clara Brum

Mais do autor(a)

Clara Brum

Ver tudo