“O passado já passou, vamos adiante!”, quem nunca ouviu dizer essa frase? Será que o passado realmente passou? O que estamos entendendo como passado? E por que falamos com frequência essa frase?

Falar em “passado” significa falar sobre o tempo e nós somos aqueles que segundo Heidegger em 'Ser e Tempo', temos a percepção de nossa finitude, ou seja, nos definimos pela percepção do tempo, do movimento da vida até o seu ocaso.

Existem três concepções para o tempo. A primeira no sentido de parte mensurável do movimento, uma ideia presente na Antiguidade e sua percepção cíclica do mundo e da vida, por exemplo. A segunda maneira de pensar o tempo é intuí-lo como movimento e, portanto, está vinculado ao sentido de consciência, a partir da qual o tempo é identificado. A terceira como estrutura das possibilidades em que se conecta com a filosofia existencialista (ABBAGNANO, 1982).

Seja qual for a perspectiva adotada somos seres no tempo e, um dado inconteste, é que o termo movimento está presente e é constitutivo de sua ideia. Partindo dessa primeira percepção, precisamos ter consciência de três pressupostos para pensarmos o ser humano no tempo:
1. Somos espíritos imortais, portanto, há uma multiplicidade de existências;
2. Nada escapa à Lei da Causalidade;
3. Tudo está em movimento.
Desses pressupostos uma ideia precisa ser observada: a de que nada acontece por acaso, ou melhor, o acaso é um nome que atribuímos em razão do desconhecimento ou desatenção sobre algo.

Se estamos certos, nossos passados ainda repercutem em nós, embora não existam mais. Numa estrutura dialética à moda hegeliana seria pensar a relação entre tese-antítese-síntese. Nesse horizonte, como adulta, o meu passado mais imediato é a fase da adolescência. Somos adultos agora, mas trazemos em nós todas as fases anteriores.

E, se tudo está em movimento, podemos supor que a cada momento “síntese” expandimos um cadinho mais a nossa consciência. Essa percepção de expansão de consciência resulta de novos saberes incorporados, novas experiências vividas no presente. Para quem está desperto, é claro.

Um pouco de atenção nos faz perceber que vivemos, ora no passado, ora no futuro e muito pouco no presente. Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho, para religiosos, tem uma bela passagem em sua obra 'Confissões' em que analisa nossa relação com o tempo sob o aspecto psicológico: “De que modo existem aqueles dois tempos – o passado e o futuro -, se o passado já não existe e o futuro ainda não veio?”. E acrescenta: “Mas se o presente, para ser tempo, tem necessariamente de passar para o pretérito, como podemos afirmar que ele existe, se a causa da sua existência é a mesma pela qual deixará de existir?” (AGOSTINHO, 1996, p. 322). Para sabermos o tempo é necessário que ele passe, deixe de existir. E, nessa jornada, ou nos perdemos no passado, ou nos deixamos levar para o futuro e abandonamos o agora, o presente.

O que podemos então concluir é que o tempo, ou melhor, a percepção do tempo é a maneira  de nos percebermos em transformação, na matéria, e, em direção ao nosso ocaso enquanto corpo físico [morte]. A percepção do tempo  talvez seja inerente à  dimensão material, ao nosso corpo material, fadado ao determinismo do tempo.  

Essa destinação do corpo é superada pela consciência que, ao pensar num fato pretérito, o vivencia como se  presente fosse, rememora a dor em toda sua intensidade. Experimenta a ansiedade de um futuro antecipado pela força do pensamento. Essa é a nossa liberdade enquanto espíritos imortais. Essa é a liberdade que nos coloca como cocriadores da nossa realidade. Todo o passado e, acredite, o futuro (mentalmente antecipado a partir de um olhar) reverbera em nossas vidas all the time.

Podemos acessar esse poder nas outras pessoas? Não. Às vezes não conseguimos ter maturidade  emocional para lidar com esse poder em nós próprios. Será que o Reiki pode nos ajudar? Sim. Para o Reiki não há tempo e espaço. No segundo nível, como reikianos, aprendemos a programá-lo para o futuro, bem como, para o passado.  E como Reiki é amor, energia cósmica universal, provocará uma mudança de frequência que certamente transformará o seu olhar sobre algo pretérito e igualmente para as projeções futuras.

A Lei da Causalidade subjaz a todo universo, não existem acasos. Não há lugar fora da Lei de Causa e Efeito. Mas um retorno a um evento passado através do Reiki para nutri-lo de amor. Desse modo, sustentará uma cadeia de causas até o seu presente e, alterando energeticamente o momento atual, de algum modo, produzirá um efeito no futuro. Por quê?

Porque tudo está em movimento. Ao lado de técnicas tais como:  Terapia de Vidas Passadas (TVP) ou Registros Akáshicos (RA), por exemplo,  que nunca devem ser praticadas por curiosidade, nem sem a orientação de terapeutas qualificados, temos o Reiki que poderá ser direcionado para um passado, uma causa, ainda que não se tenha clareza sobre  essa fase pretérita. Podemos pedir que a energia Reiki vá à origem de alguma situação para harmonizar, desfazer conexões tóxicas e perdoar.

No segundo nível do Reiki, portanto, aprendemos a traçar um símbolo que nos permite abrir essa dimensão para além do tempo e espaço e progressivamente trabalhar alguma questão. Por hipótese, imaginemos alguém com intolerância alimentar, aparentemente sem uma causa identificada. Acasos não existem, logo podemos trabalhar a energia Reiki para atuar na causa pretérita daquela questão. É claro que uma andorinha só, não faz verão. É preciso aplicar o Reiki com frequência durante determinado período e fazer uma análise detida da situação a ser tratada. A verdade é que há uma relação entre tudo o que somos agora e o que já fomos um dia. Namastê.

Referências:

AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1982.

DE' CARLI, Johnny. Reiki: Apostilas oficiais. Instituto brasileiro de pesquisas e difusão do reiki. 11. SP: Isis, 2020.

O CAIBALION. São Paulo: Pensamento, 2021.

Publicado em
1/5/2022
na categoria
Reiki
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Clara Brum

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